segunda-feira, 12 de setembro de 2011

tua morte, arde em mim:

Sinto cada falecimento teu,
tua morte está em mim... impregnada como graxa
eu me     
em tua morte não durmo.

te procuro ao meu lado, em vão.

                                                                    Foto: Chadwick Tyler

Em vão tambem todas as ilusões que respirei antes de tua morte.
Para que ter nascido amor tão frágil?
MARTIN.
Martin, era o nome desse amor, também falecido...

Se tão inútil seria o irreal do passado, antes não tivesse sido.
Me largue dos pensamentos, dispersados em ti.
O pavor de abrir os olhos mal fechados e deparar

minha mão fria te procurando,
meus olhos tristes te chorando,
meu coração morfado te matando.

Agora não há soluções, somente soluço seco...
< a dor > ...
e o silêncio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

relatorio. dia 1

não não é um sonho, nem pesadelo.
tentei me acordar 300 vezes, mas não estou dormindo.
o telefone esta aqui, porém silenciado.
vc não vai me acordar, não vai me abracar, não vai me dizer
que vc esta aqui e que esta tudo bem...
tenho medo de todas as coisas serias, não as suporto.

me pedistes que sumisse, e aqui estou apagando dolorosamente
com uma borracha, teu nome de minha alma penada.

queria ser madura para suportar e sábia para levar essa remessa de solo
ardido, mas não sou, tão pouco forte.
sou mais fragil que uma asa de borboleta manca. e por isso vivo a perder.



se perdi, queria encontrar. mas acho que não sou digna de perdão algum.
se te feri, me parti ao meio...
agora colherei minha mísera plantação.

sem você não sou nada, nem mesmo a metade partida...
eu que me costure, me arrodeie os bracos e me abrace quando no escuro estiver.
a luz acabou.

a viagem da baleia




leia-me e te confesso, eras (tu). o único a ser ... 
e assim partiu-me ai meio, ou  micropedaços que sangram salgado.
minha boca,  tu.(a).
em maior desespero cantavam pelos dedos, te perseguindo 
e assim como ouvi de (ti). 
que não me queria, ali, 
ouvi você (tu). 
partindo, me silenciando, me partindo ainda mais sangrados, micro.
lembrarei (te). 
todos os dias, que pude sentir a barriga sorrindo
(tu). 
me destes olhos para que eu visse, ser possível...
partiu, (tu). me partiu (eu-sem-tu).
fostes nadando, até que sumistes no horizonte.
agora, cantas (tu).
com as sereias, ora nadas com as baleias.
aqui, o pingo, em vermelho. 
em breve ás moscas, ao difunto.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

# enssaio capilar 1:

- Não! Não vou ao matadouro, sabes que sofro indo até lá! Todos aqueles cabeleireiros-açougueiros; veja nos olhos deles, todos eles parecem ter herdado o espírito de Van Gogh.             ...
...
- Não quero nada só para mim, nem mesmo seu ultimo fio dourado! Vou embora! Cansei dessa paisagem!

...

   -  Como ousas a me chamar de louco ?! Não fora por ele, por um único fio rubro que voou em minha camisa de seda puríssima, há quase uma decada, e por causa dele, deste fio, te conheci e te amei? Agora vais negar?


-     Minha vida esta chegando ao fim!  Não percebes? Há coisas que ganhamos para perdermos ao longo da vida, e os cabelos, eles não seriam uma dessas coisas? Pense bem!

-       Não te recordas de quando me conhecera? Como tinha uma farta juba? Olhe para mim, me digas o que vê? Porque foi exatamente desta forma que meu pai morera… Já me sinto doente...
...    
-       Outro dia desses, tive um medo terrivel,  imaginei que era tua hora, veja  encontrei 782 (setecentos e oitenta e dois) fios de cabelos em sua escova! Mais um vez? Não me chame de louco!
...    
-       Nao fique ai repetindo esse teu silêncio ensurdecedor, enquanto morro careca! Venha, largue esse piano engordurado e me acarecie o que resta na cabeça.