domingo, 28 de novembro de 2010

qual.quer

Qualquer coisa que não fui
Não será coisa qualquer
Que jamais fora qualquer até
Tal coisa que não fora jamais
Tomou posse do que já não era
E já não sendo fui transformada em
Tal coisa qualquer que jamais fora: eu!

Letras gritadas, não audíveis.

"Cartas para além do muro"
Poderia eu, ser remetente de
- Cartas para o fim do mundo?

Ou que ao mesnos mudem minha
- Chave para o fim dos tempos.

Já não posso respirar com:
                                                     - O Fim dos ares em meus pulmões.


"No fundo do peito esse fruto
apodrecendo a cada dentada."
Macalé e Duda: Hotel das Estrelas.

Groelândio

Era tudo tão branco,
quando ele chegou;

E eu o olhei tão friamente,
cheguei a perfurar os descorados olhos dele.
...
Da mesma forma clara,
com que ele,
metralhou meu coração morfado;

Ele,
O esquimó.

Animar*

Animar
(Latim: Ani, a-menina que não na-da-va)
a-ni-mar
v.tr.

Ani foi pro mar,
morreu ali,
- a pobrezinha.
Cheia de sopa de sal na barriga.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aqui doa-se amor

Ela espalhava amor:
por baixo dos lençóis de cetim brancos,
sobre os móveis empoeirados da sala de jantar,
no chão limpo com cheiro de madeira antiga,
pelas paredes desbotadas de cores transparentes,
por cima de perfeitos corpos rijos.

Ela não cedia, não emprestava, ela transbordava
AMOR!

Tempo, voa, não volta...

Tic-tac do relógio,
Minha vida em trailer de filme;
Os relógios de Dali escorrem,
por entre frestas de paredes desbotadas.

Meus olhos
- Abrem
Os ponteiros,
não se cansam.

Onde estão meus olhos?
As cores?
Os ponteiros?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Apenas isso...

Gostaria apenas do toque do coração, de sorrir feito boba pela barriga, e não mais ser este vácuo humano, que me tornei, já não mais posso sentir meu coração, depois quea tu partistes peor aquela porta branca, meio translúcida, e não mais voltou...
e tu que dizias que eu era forte e soberana... bobagem. Veja só quem é o forte: você, esta bem, tens novo trabalho, nova vida, nova mulher, novos amigos, até mesmo uma parte pequenina de ti chegando, e eu? Eu nada tenho de novo senão alguns quilos a mais... sou apenas ruinas falidas de meu ser, nem mesmo sei o que eu sou.

Você que era assim, meio calado, quando sorria ou me olhava, teus olhos eram tão cheios de perguntas e dúvidas, tão cheio de vazios que nunca soube porque, teus olhos silenciados me cortavam ao meio, por isso te deixei sair pela porta branca-translucida, por isso, não corri como um foguete atras de você. Eu me achava incapaz, e teu silêncio me matava aos poucos,  fui perdendo toda a força que você achava que eu tinha, e nunca tive!

E penso em você, não de forma continua, mas penso alguns dias... as vezes sonho, as vezes não sei dizer o que é sonho ou devaneio... e penso que tu esta se enganando mais uma vez, e desistiu da tua liberdade, assim como se tivesse mais uma vez caido na tocaia que te deixa magoado, preso ou sufocado; As vezes acho que tu podes ter entendido a dividir e ser feliz assim, e esta sim feliz e completo. Quando penso em ti, na segunda opção, sorrio por dentro, pois tudo que me importa é que tu estejas bem, assim sorrio pensando em ti sorrindo!
Você correu, e escorreu, bateu a misera porta branca, e entrou em outra porta, seguiu outro caminho, e eu fiquei ali no abismo de nossas vidas falidas, no mesmo lugar, você avançou e eu fiquei  ali paralizada como um cadaver, no mesmo canto. 

"...Sei com medo o que trouxe você aqui foi esse meu jeito de ir vivendo como quem pula poças de lama, sem cair nelas, mas sei agora que esse jeito despeaça. ... Sou só poeira, me espalho em grãos invisíveis pelos quatro cantosdo quarto. Fico noite, fico dia." (Caio F. Abreu)

Não fui eu capaz de realizar teus sonhos, e tinhamos tantos...nos dois não fomos capazes, porque não eramos pra ser, simples assim. Já não adiantava mais lutar por nada, já tinhamos nos dois destruido nosso castelo; Já não era mais explosivo como nossa primeira vez... ou até mesmo como no topo da duna de areia, pertinho da lua...

Em minha volta meu próprio caos, perto de ti a paz...estranho...estranho... Tome você conta de ti e de tua família, não erre com os mesmos erros, não te culpes, não te destrua, não te arranque pedaços, você não tem culpa de meu caos, ele sempre existiu, só era mais equilibrado com tua paz.

Esta perto de ti é sentir-me abraçada, teus olhos são confortantes como um cobertor limpinho em dias frios...

Eu não tenho medo de tentar, não tenho medo de cair, não tenho medo de você, não tenho medo do mundo, tão pouco de correr riscos, ou da morte, mas tenho medo da areia movediça que sou. Sou eu, o meu próprio medo.

"... desaprendi de ver sozinho e agora que tudo perdeu a magia, se magia houve, e havia e não consigo mais ver... já começou a devastação,olhos perdidos, boca de baufrágio vermelho pesado sobre o escuro...olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa a de ser real, e vou dizendo lento, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas... e vou dizendo louco, e vou dizendo longo e sem pausa- gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você." (Caio F. Abreu)

Não te culpes por minha dor, tão pouco por meu fracasso! Se queiras, te explico, te explico quantas vezes quizeres: é só carência, de ter quatro pernas ao dormir; de ter quem cheirar sobre os lencóis, corpos entrelaçados; de trocar lençol sujos de amor; de acordar sendo olhada; de fazer jantar a luz de velas, mesmo ainda quando odeio cozinhar: - eu não odiava; de sorrir por nada; de voltar pra casa sabendo que alguém me espera; de mãos dadas; de beijar com o coração disparando; de tremer; de cuidar; enfim de não ser sozinha.

Por enquanto vou te procurando no alheio, e um dia quando eu cansar de te procurar, esse a quem espero poderá chegar...ou não, ja ouvi alguém falando que o amor não é para todos.