" Eu aprendia contigo linguagens paralelas; a dessa geometria do teu corpo que me echia a boca e as mãos de teoremas tremulos... Então aprendi que, em tua boca, pena era um outro nome do pudor e da vergonha, e que não te decidias a minha nova sede que já tinhas saciadotanto, que me rejeitavas implotando com essa maneira de esconder os olhos..."
" ... murmurar meu último desejo com o correr das mãos pelas mais doces colinas... Sei que fechei os olhos, que lambi o sal da tua pele, que desci derrubando-te até sentir em teus rins o estreitamento da jarra onde a mãos se apóiam em rítmo de oferenda; em algum momento cheguei a perder-me na passage desviada e apertada que se negava ao gozo dos meus lábios enquanto lá nos confins... tua perna murmurava uma última defesa abandonada."
"...é que essa musgosa frangância, essa canela de sombra fez seu caminho secreto a partir do esquecimento necessário e instantaneo... Tu não eras sabor nem cheiro... Fecho os olhos e aspiro no passado esse perfume da tua carne mais secreta, gostaria de não abri-los neste agora em que leio e fumo e ainda acredito estar vivendo."
(Cortázar,Julio)
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